Édipo Rei – Exercícios e questões (paradidático)

1- Associe as personagens às suas características ou aos fatos a elas relacionados.

(A) Édipo         (B) Jocasta      (C) Tirésias
(D) Laio           (E) Poliníces    (F) Antígona

(     ) Tomou o trono de Tebas quando Édipo foi exilado da cidade.
(     ) Verdadeiro pai de Édipo. Foi assassinado pelo próprio filho numa encruzilhada.
(     ) Filha de Édipo e Jocasta, acompanhou o pai no exílio.
(     ) Era cego e tinha o poder da adivinhação. Era servo do deus Febo-Apolo.
(     ) Rainha de Tebas, era mãe e esposa de Édipo.
(     ) Decifrou o enigma da Esfinge e tornou-se rei de Tebas.


2- A história de Édipo mostra que o homem desconhece o verdadeiro sentido de suas ações.

A) O verdadeiro pai de Édipo, tentando impedir o cumprimento do oráculo, comete um ato que desencadeia uma sucessão de fatos que garantirão a concretização da profecia. Que ato foi esse? Quais as suas consequências?
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B) Ao fugir da casa de seus pais adotivos, Édipo tentou evitar o cumprimento do oráculo e acabou encontrando mais depressa seu destino. Como isso aconteceu?
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C) Laio e Édipo têm em comum o desejo de fugir ao cumprimento de uma predição de Delfos, mas algo muito importante distingue suas motivações. Aponte essa diferença.
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3- Marque a alternativa correta em relação à tragédia de Sófocles.

(A) Édipo se tornou o responsável involuntário pela morte de seus progenitores.
(B) Édipo se tornou um grande herói de Tebas, sendo perdoado por todos.
(C) Édipo foi bastante ingrato com seus pais adotivos.
(D) Édipo, mesmo perdendo a razão, consegue decifrar o enigma da Esfinge.
(E) Édipo, apesar de purgar os seus delitos, tem uma vida atribulada e confusa para sempre.


4- Ainda sobre Édipo Rei, assinale a alternativa INCORRETA.

(A) A obra pode encerrar uma moral: há que se conhecer a si mesmo para não cometer erros.
(B)  A obra narra o apogeu e a queda de Édipo.
(C) A obra pode apontar para as questões do destino humano que não pode ser mudado.
(D) A obra frisa a impunidade das ações humanas.
(E) A obra destaca a questão da culpa e da punição.


5- Nos textos de Sófocles, há uma separação entre a noção de tempo dos deuses e a dos homens, porém o tempo dos deuses presta conta do tempo dos homens. Em Édipo rei, é possível perceber como ocorre a inclusão do tempo humano no tempo divino, uma vez que no início da peça, sem que ninguém ainda saiba, tudo já aconteceu.

“Tempo dos deuses e tempo dos homens se encontram quando a verdade vem à tona. Após ter-se cegado, Édipo pode dizer: ‘Apolo, meus amigos! Sim, é Apolo que me inflige, nessa hora, essas atrozes, essas atrozes desgraças que são meu fardo, meu fardo daqui em diante. Mas nenhuma outra mão além da minha agiu, infeliz’. A oposição dessas duas categorias temporais é, em si, muito mais antiga que os trágicos, mas o palco trágico é precisamente o lugar onde os dois tempos, inicialmente disjuntos, se encontram”. (VERNANT, Jean-Pierre; NAQUET, Pierre Vidal. Mito e Tragédia na Grécia Antiga. São Paulo: Perspectiva, 1999, p. 278.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de tempo de Sófocles, é correto afirmar:

(A) A noção de tempo praticado no horizonte cultural de cada povo independe do tempo dos deuses.
(B) A compreensão do tempo na tragédia está relacionada com o desenrolar dos acontecimentos humanos que se vinculam à eternidade.
(C) A punição pelas transgressões excluía o tempo compreendido como eternidade.
(D) O tempo é suprimido das consequências advindas das ações dos personagens e das determinações do destino.
(E) A imortalidade é uma das características partilhadas por homens e deuses como decorrência do encontro entre tempo divino e humano.


6- (ENEM 2010 – Adaptada) No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:

(A) Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo. (Jean Paul Sartre)
(B) Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser. (Santo Agostinho)
(C) Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte. (Arthur Schopenhauer)
(D) Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo. (Michel Foucault)
(E) O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança. (Friedrich Nietzsche)


7-  A peça Édipo-Rei de Sófocles permite diversas interpretações. Talvez a mais famosa seja a de Freud, que propõe o desenrolar dramático da peça – a descoberta pelo filho de que assassinara seu pai e casara com a mãe – como a realização do desejo inconsciente comum a quase todos os homens. Como afirma Jocasta a Édipo na peça: “Não tenhas medo da cama da tua mãe: quantas vezes em sonho um homem dorme com a mãe! É bem mais fácil a vida para quem dessas coisas não cogita.” Há uma segunda leitura, provavelmente menos sutil, que resgata Édipo-Rei como uma das primeiras histórias de mistério conhecidas. Trata-se de um drama policial em que o responsável pela identificação do culpado de um assassinato descobre ser ele mesmo o assassino. (Marcos de Barros Lisboa. Um país de pobres. In: Valor, cadermo Eu&Fim de Semana, 1-3/2/2002, p. 10 (com adaptações).)

Com o auxílio do texto acima, julgue os itens que se seguem.

(       ) Tragédia e comédia eram os gêneros básicos do teatro grego, uma das grandes criações culturais da civilização helênica. Sófocles, o autor de Édipo-Rei, entre outras peças marcantes, é considerado o maior tragediógrafo grego.
(       ) O surgimento do teatro ocidental na Grécia antiga integra um contexto cultural tão amplo quanto expressivo, em que o antropocentrismo comanda as mais diversas formas de expressão cultural, daí decorrendo o desenvolvimento da Filosofia, da História e das técnicas da arquitetura e da escultura.
(      ) Citado no texto como autor da “talvez mais famosa” interpretação de Édipo-Rei, Sigmund Freud é figura central da História contemporânea: seu livro A interpretação dos Sonhos inaugura um inovador caminho de análise do ser humano, a partir da valorização do inconsciente.
(      ) O “drama policial” de que fala o texto é um gênero literário que encontrou as melhores condições para se desenvolver com as mudanças verificadas na sociedade contemporânea a partir da Revolução Industrial e a acentuada urbanização dela decorrente.


8- A Esfinge, monstro alado com corpo de leão e tronco e cabeça de mulher, aguardava os viandantes à entrada de Tebas para lhes propor algum enigma de difícil resolução, devorando aqueles que não davam a resposta correta. Quando Édipo se dirigia a Tebas, o monstro lhe fez a seguinte pergunta: “Qual é o animal que pela manhã tem quatro pés, ao meio-dia dois e à tarde três?” Édipo respondeu: “É o homem, que quando criança engatinha, quando adulto anda sobre duas pernas e na velhice apoia-se em uma bengala.” Furiosa, a Esfinge atirou-se de um rochedo, livrando Tebas de sua presença.

Esse episódio faz da tragédia Édipo Rei, de Sófocles, e pode ser entendido como

(A) um exemplo de valorização do mito e do fantástico que influenciaria, no cristianismo medieval, as narrativas sobre os milagres realizados pelos santos.
(B) uma manifestação do racionalismo greco-romano que, a partir da Renascença, influenciaria as grandes vertentes do pensamento ocidental.
(C) uma criação original da literatura romana, cuja temática mitológica influenciaria fortemente a produção cultural da Grécia Clássica.
(D) um paradigma da literatura medieval, que enfatizava a bravura dos heróis de cavalaria no enfrentamento de monstros ligados às forças do Mal.
(E) uma produção grega influenciada pelo antropozoomorfismo egípcio, denotando o sincretismo presente na cultura helenística.


9- O coro e o corifeu aparecem em vários trechos da história. Explique a função deles na citação abaixo:

Deus todo-poderoso, se mereces
teu santo nome, soberano Zeus,
demonstra que em tua glória imortal
não és indiferente a tudo isso!                         1075
Desprezam os oráculos ditados
a Laio, como se nada valessem;
Apolo agora não é adorado
com o esplendor antigo em parte alguma;
a reverência aos deuses já se extingue.              1080

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10 – Segundo a mitologia grega, a Esfinge era um monstro com cabeça e seios de mulher, patas e cauda de leão e dotado de asas. Propunha enigmas aos viajantes nos arredores de Tebas e devorava aqueles que não conseguiam decifrá-los. Por isso a Esfinge representa, hoje, o enigma, o mistério das coisas. Em sua opinião, quais são os maiores enigmas enfrentados pelo mundo contemporâneo.

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11 – Aristóteles criou o conceito de catarse. Concluiu que o espetáculo trágico para realizar-se como obra de arte deveria sempre provocar a katarsis. Transcreva com suas palavras a parte do texto que provocou em você a catarse. Justifique esse termo com fragmentos da obra lida e analisada.

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12- As peripécias dentro da tragédia, correspondem ao enredo da própria história, ou seja, são as reviravoltas que a história dá até que e descubra a “falta”(culpa) ou alguma aspecto físico que venha a desvendar um outro segredo.  Como pudemos saber essas duas coisas tendo em vista o nosso herói?

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13- Leia a definição que segue e responda a questão:

Ethos, na Sociologia, é uma espécie de síntese dos costumes de um povo. O termo indica quais os traços característicos de um grupo humano qualquer que o diferenciam de outros grupos sob os pontos de vista social e cultural. Portanto, trata-se da identidade social de um grupo. Ethos significa o modo de ser, o caráter. Isso indica o comportamento do ser humano e originou a palavra ética.

O centro do espetáculo teatral gira em torno do destino infeliz do herói, tema comum a maior parte das narrativas e das sagas antigas. Comente sobre o nosso herói Édipo rei tendo como base o ETHOS dele.

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Menino israelense descobre acidentalmente estatueta de 3.400 anos

Ori Greenhunt descobriu a estatueta (foto), que se acredita ter 3.400 anos e pode ser a imagem da deusa da fertilidade Astarte, ou simplesmente uma dama curvilínea.

O ponto alto de muitos dias de folga de um garoto de sete anos pode incluir uma brincadeira no parque ou na rua com os amigos, mas para uma criança israelense, envolveu a descoberta de um precioso artefato antigo. Ori Greenhunt avistou uma estatueta saindo da terra quando estava subindo um monte com amigos no sítio arqueológico de Tel Rehov e cuidadosamente a levou para casa.

Acredita-se que o pequeno artefato tenha 3.400 anos e possa ser a imagem da deusa da fertilidade, Astarte, ou simplesmente uma dama curvilínea.

Ori se deparou com uma pedra que havia mudado e viu uma imagem de uma pessoa coberta de terra, de acordo com a Antiquities Authority (Autoridade de Antiguidades) de Israel.

“Ori voltou para casa com a estatueta impressionante e a excitação foi ótima”, disse sua mãe, Moriya Greenhut. “Nós explicamos a ele que este é um artefato antigo e que os achados arqueológicos pertencem ao estado”, acrescentou ela.

A família, do assentamento comunal de Tel Teomin no vale de Beit Sheʽan, entregou a estatueta à Antiquities Authority, que disse que a imagem da mulher era feita pressionando-se argila mole em um molde.

Ori se deparou com uma pedra que se deslocara viu uma imagem de uma pessoa coberta de terra, segundo a Autoridade de Antiguidades do país. Ele é retratado aqui segurando a estatueta.

Amihai Mazar, professor emérito da Universidade Hebraica e diretor de expedição das escavações arqueológicas em Tel Rehov, disse que a estatueta pode representar uma mulher comum, ou a da deusa da fertilidade, Astarte.

“Alguns pesquisadores acham que a figura aqui descrita é a de uma verdadeira mulher de carne e osso, e outros a vêem como a deusa da fertilidade Astarte, conhecida das fontes cananeias e da Bíblia.” Ele ainda afirma que: “É altamente provável que o termo trafim mencionado na Bíblia realmente se refira a figuras desse tipo.”

 

Astarte era adorada desde a Idade do Bronze até a Antiguidade Clássica e estava ligada à fertilidade, sexualidade e guerra. Os símbolos da deusa eram o leão, cavalo, esfinge, pomba e uma estrela dentro de um círculo indicando o planeta Vênus. Ela é geralmente descrita nua.

Ele continuou: “Evidentemente, a estatueta pertencia a um dos moradores da cidade de Rehov, que era então governada pelo governo central dos faraós egípcios”. O Dr. Mazar completa: “A estatueta” é típica da cultura cananéia dos séculos XV a XIII aC “.

Ori recebeu um certificado de agradecimento por sua boa cidadania pela Autoridade de Antiguidades de Israel em sua escola. Sua professora, Esther Ledell, disse: “Foi uma ocasião incrível. Os arqueólogos entraram na aula durante uma aula da Torá, justamente quando estávamos aprendendo sobre Rahel roubar os deuses domésticos de seu pai. Expliquei que os deuses domésticos eram estátuas usadas na adoração de ídolos e, de repente, percebi que esses mesmos ídolos estão aqui na sala de aula!”

Ori Greenhunt avistou a estatueta saindo da terra quando ele estava subindo um monte com amigos no sítio arqueológico de Tel Rehov (marcado no mapa) e o levou para casa.


Fonte: Daily Mail

 

 

Elefantes na Arte e na História Helenística

Um elefante e um grifo atacam guerreiros com os chamados escudos celtas, um tema comum na faiança helenística. A imagem é baseada em um fragmento de faiança talvez de Memphis, c. 3º século AEC, agora na coleção do Museu Allard Pierson, Amsterdã (APM inv. No. 7614).

Os elefantes eram considerados monstros ferozes e assustadores na antiguidade, muito reais, embora raramente vistos até o período helenístico. Eles foram colocados no campo de batalha para atacar o inimigo, entretanto, como o medo era considerado divinamente inspirado, os elefantes podem ser interpretados como símbolos religiosos até na guerra. Desde o reinado de Alexandre, os grandes elefantes se tornaram associados a procissões militares helenísticas e a cunhagem frequentemente expressava a conexão simbólica entre elefantes e vitórias militares.

“Contemple as feras ao seu redor”, falou Deus a Jó e continuou descrevendo um monstro temível e poderoso, literalmente um Behemoth (lit. “fera”), comparado a touros, com costelas feitas de bronze e uma espinha de ferro fundido. (Jó 40, 15-24). Esta besta encontra-se no papiro, atinge o rio para derramar água em sua boca e não teme o dilúvio. Independentemente de qual animal o Behemoth bíblico possa refletir, permanece interessante que mais tarde, de acordo com Plínio, os romanos chamariam elefantes de “touros” depois de encontrá-los durante a campanha contra Pirro. O primeiro autor clássico a escrever sobre os elefantes, Heródoto, mencionou-os entre várias criaturas mais ou menos fabulosas e animais selvagens, como leões, ursos, cobras, serpentes, unicórnios, homens com cabeça de cachorro, homens sem cabeça e selvagens.

Mais tarde, no século V a.C., Ctesias, que (ao contrário de Heródoto) deve ter visto elefantes, declarou que os indianos caçavam em elefantes, um parágrafo antes havia afirmado que os grifos protegiam as minas de ouro nas montanhas da Índia. Mais tarde, o venerável Aristóteles também discutiu sobre os elefantes no mesmo contexto que a mantícora. Acreditava que eles poderiam viver por até 300 anos e que “pode ser ensinado a se ajoelhar na presença do rei”. (História dos Animais 2.1, 8.9 e 9.46 .)

Os autores gregos continuaram a associar elefantes a lendas e monstros fabulosos – isto é, para a nossa mente moderna, invenções inexistentes da imaginação antiga. Diodoro relatou que os elefantes indianos foram equipados para combater o terror na guerra contra a invasão da rainha assíria Semiramis. Estrabão mencionou os elefantes cerca de 50 vezes: citando Onesicritos que os elefantes poderiam viver por até 500 anos; Megástenes que alegara ter visto elefantes em um procissão dionisíaca; e Artemidoros que descreveu elefantes na Etiópia junto com esfinges e dragões. Outros autores posteriores poderiam ser citados para confirmar que na literatura clássica grega e latina, os elefantes pertenciam à mesma ordem de monstros fabulosos e assustadores como a mantícora, o unicórnio, o grifo, a esfinge, o dragão e o hipocampo.

De Alexandre, o Grande, a Aníbal

Durante a campanha oriental de Alexandre, o Grande (356-323 a.C.), os soldados gregos e macedônios encontraram pela primeira vez elefantes na Assíria, na Batalha de Gaugamela (331 aC), onde, no entanto, eles aparentemente não foram mobilizados. O uso de elefantes na guerra se espalhou para a Pérsia nos séculos anteriores da Índia, onde os elefantes foram usados por milênios. Depois de Gaugamela, 15 elefantes foram capturados do acampamento persa, juntamente com a bagagem, carruagens e camelos. Quando os portões de Susa foram abertos para Alexandre, suas forças adquiriram outros doze elefantes.

Mais adiante ao longo da campanha, outros 125-150 elefantes foram obtidos no Vale do Indo como um presente de um príncipe local e através da caça. O exército macedônio então encontrou elefantes no campo na Batalha de Hydaspe (326 aC; o afluente mais ocidental do Indus, agora chamado de Jhelum) contra um rei chamado Porus (talvez Paurava, ou seja, “Rei do Purus”). Durante a luta que se seguiu, os elefantes do inimigo atropelaram indiscriminadamente os soldados de infantaria quando foram atacados pelo flanco da cavalaria macedônia. Outros 80 elefantes foram capturados após a batalha, elevando assim o total para cerca de 250.

Um raro medalhão de prata representando Alexandre, o Grande, a cavalo, atacando o rei Porus no elefante; o reverso mostra o rei macedônio segurando um raio ao ser cercado pela Nike
Babilônia (?), C. 325 / 4-322 / 1 BCE. O elefante indiano tornou-se assim associado à vitória militar da campanha de Alexandre.

O exército macedônio, no entanto, absteve-se de avançar para o vale do Ganges – como eles receberam informações, não só sobre a vastidão do país, mas também o suposto poder de suas forças (incluindo pelo menos 3000 elefantes). Após seu retorno à Pérsia (c. 325 a.C.), são mencionados cerca de 200 elefantes que chegaram por Arachosia e Carmania. Quando Alexandre morreu, sua carruagem fúnebre foi decorada entre muitas outras coisas com uma placa de elefantes indianos dirigida por mahouts, seguida por tropas macedônias.

Durante a crise de sucessão que eclodiu com a morte repentina de Alexandre, os elefantes foram empregados não apenas quando facções opostas estavam prestes a se enfrentar em combates, mas também para executar a sentença de morte depois que os rivais foram colocados em julgamento. Quando Ptolomeu (c. 367-282 a.C.), o governador nomeado do Egito, transferiu o dito cortejo funerário para Mênfis, o regente macedônio Pérdicas retaliou invadindo o Egito com o exército real, incluindo elefantes (c. 321/0 AEC). Após a derrota desastrosa de Pérdicas, cerca de 50 a 60 elefantes, aparentemente, caiu para Ptolomeu. Este último cunhou moedas que expressavam a conexão simbólica entre os elefantes e as vitórias militares de Alexandre.

Seu filho, Ptolomeu Cerauno, que foi preterido pela sucessão, imitou a cunhagem de seu pai quando reivindicou a sucessão sobre o reinado de Lisímaco. Pois, após a morte deste último na Batalha de Corupedium (280 aC), Cerauno primeiro se juntou a Seleuco, então o assassinou como vingador da morte de Lisímaco, e emitiu estatutos de ouro com o retrato de Alexandre no anverso e Atena Nicéfora no reverso juntamente com símbolos menores, como um elefante e uma cabeça de leão. Cerauno famosamente morreu nas costas de um elefante contra os gálatas que entravam na península grega através dos Bálcãs (279 a.C.).

Quando Pirro de Épiro (319-272 aC) pediu apoio para sua próxima campanha italiana, Ptolomeu II pôde dar-lhe 50 elefantes, entre outras forças. Pirro já tinha 20 elefantes de guerra (embora ainda não esteja claro de onde ou quem ele os obteve). A campanha finalmente mal sucedida foi comemorada em uma placa de cerâmica de Capena (agora na Villa Giulia, Roma), que mostra um elefante com um cavaleiro e lutadores nas costas, seguido por um filhote. Foi a primeira vez que os habitantes da península italiana viram elefantes.

A campanha de Pirro inspirou os cartagineses a adquirirem elefantes de guerra na época da Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.). Quando Aníbal (247 – c. 182 a.C.) se voltou contra Roma, ele cruzou os Pireneus da Espanha com 37 elefantes entre suas vastas forças. Embora os cartagineses tenham sofrido grandes perdas ao cruzar os Alpes, um número indeterminado de elefantes entrou no Vale do Pó e derrotou esmagadoramente os exércitos consulares romanos no rio Trebia. Embora os reforços dos elefantes da floresta africana acabassem por chegar a Aníbal, eles falharam em afirmar qualquer efeito decisivo mesmo na batalha final de Zama (201 a.C.). Ainda assim, sua importância simbólica para Cartago é expressa em uma série de moedas de Aníbal, que retratam um cavaleiro disfarçado com um aguilhão na mão, mas sem torre.

De Roma para a Índia

Alega-se, o codinome de Caio Júlio César (100-44 a.C.) derivou da palavra moura para “elefante” (caesai), em vez de caesius ou caeruleus (pertencente à cor do céu). (Hist. Aug., Ael. 2.3.). Além disso, César supostamente entrou na Grã-Bretanha com um elefante em 54 a.C. (Poliaen. 8.23.5.) Mais historicamente, Juba da Numídia (aprox. atual Argélia do Norte) forneceu elefantes às Forças de Pompeu durante a Guerra Civil Romana (49-45 aC). Ainda assim, César foi capaz de derrotar Metellus Scipio na Batalha de Thapsus na Tunísia (46 aC) e capturou mais de 60 elefantes após sua vitória africana e exibiu 40 em um triunfo romano. De fato, a cunhagem de prata de César sobre seu dinar móvel (c. 50-45 a.C.) empregou significativamente o elefante pisoteando uma serpente ao cruzar o rio Rubicão como uma alusão à vitória do bem sobre o mal.

Um dos artefatos mais preciosos entre os tesouros de Boscoreale descobertos em 1895 (hoje no Louvre) – e talvez uma das obras mais belas da arte antiga – é um prato de emblema de prata com um retrato alegórico atribuído a Cleópatra Selene (40-5 AC), a filha de Cleópatra e Marco Antônio. Após a morte de seus pais, Otaviano a levou a Roma e posteriormente a casou com o rei Juba II da Numídia, filho de Juba I. Eles foram estabelecidos como governantes da Mauritânia (no atual Marrocos) e seu filho Ptolomeu era o último descendente conhecido da dinastia ptolomaica. No emblema, Cleopatra Selene usa um couro cabeludo de elefante como toucado e é cercado por uma profusão de símbolos e atributos religiosos particularmente associados ao Egito ptolomaico.

O retrato alegórico sobre este prato de emblema de prata é atribuído a Cleópatra Selene II (40 a.C. – c. 5 a.C.), a filha de Cleópatra (69 a.C. – 30 a.C.) e Marco Antônio (83 a.C. – 30 a.C.). Ela usa um couro cabeludo de elefante como touca e carrega uma cornucópia coroada com um crescente lunar em sua mão esquerda e segura um uraeus (cobra ereta) à sua direita.
(Boscoreale, c. 25 a.C. – 25 d.C.; Louvre inv. no. Bj 1969.)

Vamos retornar brevemente ao período helenístico. A maioria dos elefantes de guerra implantados no período helenístico derivou da Índia. Seleuco I (c. 358-281 aC) é dito ter obtido 400-500, que ele empregou contra Antígono I e Lisímaco, mas depois eles nunca são ouvidos novamente. Antíoco I (324 / 3-261 a.C.) enviou elefantes de guerra contra os gálatas que haviam cruzado os Bálcãs na Grécia e depois se mudaram para a Ásia Menor (c. 275/4 a.C.). Supostamente, os 16 elefantes de Antíoco incutiram pânico entre os gálatas, causando grande carnificina e produzindo a vitória na batalha. A cunhagem selêucida propaga regularmente a importância militar simbólica dos elefantes como expressão de seu poder. Por acaso, Eleazar Macabaeus foi esmagado por um elefante selêucida, após perfurá-lo com sua lança na Batalha de Beth Zacarias em 162 a.C. (1-Mac. 6:34).

Em muitas moedas de estilo helenístico, são representados anéis de sinete e pedras de selo de elefantes da Greco-Báctria e Greco-Índia – uma tradição que remonta aos selos de selos de Harappan do terceiro e segundo milênio a.C. A iconografia inclui reis da Báctria usando o couro cabeludo de elefante como toucado, bem como divindades hindus acompanhadas por um elefante. O fundador do reino de Maurya, Chandragupta estabeleceu seu poder logo após a morte de Alexandre (r. C. 322 / 1-299 / 8 aC). Ele emitiu moedas de prata marcadas com símbolos religiosos que mostram um elefante e um touro, o sol e uma árvore em uma colina, bem como o chakra (um “disco” que se refere a um nexo de nervo tântrico). Bem na Era Comum, o elefante continuou a aparecer com frequência na cunhagem de Kushan (do século I a IV dC), incluindo reis montados em elefantes.

Elefantes como símbolos religiosos

Os elefantes foram implantados historicamente no campo de batalha para atacar as tropas inimigas inexperientes com a visão. Cavalos de cavalaria, especialmente, ficavam assustados até mesmo com o cheiro deles. No entanto, os animais muitas vezes se voltavam para suas próprias fileiras, atropelando indiscriminadamente quem quer que estivesse em seu caminho. Deve-se perguntar, portanto, por que os generais estariam interessados em recrutar esses monstros paquidermes em guerras quando havia pouca vantagem estratégica em implantá-los. Podemos tomar como pista a noção antiga de que o medo, como o pânico, era divinamente inspirado, e que os elefantes deveriam antes de tudo ser interpretados como símbolos religiosos – mesmo na guerra.

Esta sugestão é substanciada pelos relatos da Batalha de Raphia (217 aC) que decididamente estabeleceu a Quarta Guerra Síria entre as forças de Ptolomeu IV e Antíoco III em favor da primeira. O encontro foi uma das maiores batalhas de campo do período helenístico, e supostamente a única batalha antiga em que os elefantes africanos lutaram na Índia. Antes dos combates, diz-se que os elefantes de Ptolomeu levantaram troncos em oração ao sol nascente. O rei comemorou sua vitória sacrificando quatro dos elefantes de seu inimigo. Quando o deus do sol Helius (Amon-Ra) apareceu para ele em um sonho expressando sua raiva, Ptolomeu montou quatro elefantes de bronze como oferendas para apaziguar o deus.

Existem, além disso, conexões e influências religiosas evidentes entre elefantes e divindades hindus. Por exemplo, Indra, o Senhor do Céu, monta um elefante branco, que simboliza sua vitória sobre o dragão Vritra, seu adversário. Aliás, Indra, como Zeus e até Alexandre, o Grande, empunha o raio. A espantosa emanação de Shiva Bhairava e a deusa mãe Varahi são retratadas em um elefante. Ele se vestiu de pele de elefante e pele de tigre, com um tambor, cadáver, tridente, tigela, bastão e cervo em suas seis mãos; ela com um arado, árvore sagrada, aguilhão de elefante e laço. O deus do elefante indiano Ganesha, o Senhor dos Exércitos, pertence ao séquito de Shiva. Embora a adoração e a iconografia de Ganesha tenham se desenvolvido apenas a partir do século IV EC, o status sagrado do elefante na Índia está bem estabelecido desde o terceiro milênio a.C.

A filiação divina de Alexandre

O toucado de elefante de Alexandre é geralmente entendido como um emblema de sua vitória sobre Porus. Aparece frequentemente como um atributo do poder militar sobre figuras de bronze helenístico e elementos decorativos (dos quais vários exemplos são encontrados em museus em todo o mundo). Uma dessas estatuetas de pequena escala (agora em Nova York), talvez baseada em esculturas em grande escala, retrata Alexandre em combate, montando um animal (agora desaparecido), usando o couro cabeludo do elefante em sua cabeça.

O retrato póstumo de Alexandre foi criado pela primeira vez sob Ptolomeu no Egito e posteriormente imitado por Lisímaco, Seleuco e Cerauno. As características faciais de Alexander estão cheias de pathos, seu diadama (faixa de cabeça) significa sua realeza, seus grandes olhos esbugalhados insinuando sua divindade. O retrato é mais conhecido das antigas moedas helenísticas, mas também aparece em pedras gravadas. De particular importância é a combinação do couro cabeludo do elefante com o chifre de um carneiro sobre o seu templo e a égide (velo de um bode sagrado) jogada sobre o ombro dele. A combinação desses três atributos permanece pouco compreendida, embora o retrato como um todo não faça sentido a partir de uma perspectiva greco-macedônica clássica.

Duas moedas emitidas por Ptolomeu I:
1) Um retrato do deificado Alexandre, o Grande, usando um couro cabeludo de elefante na cabeça, com um chifre de carneiro sobre o seu templo e uma égide (velo sagrado) sobre o ombro; no reverso Athena Alcidemus, a padroeira de Pella
Tetradrachm de prata, Alexandria, c. 312 / 1-305 aC; Nomos não. 12, lote 120
2) Um retrato de Ptolomeu com diadēma (cabeça real) e égide; no reverso, um deificado Alexandre segurando um raio e cetro de pé em uma carruagem puxada por quatro elefantes
Stater de ouro, Cirene ou Alexandria, c. 305 / 4-298 AEC; CNG no. 84, lote 751.

Começando com a associação com o triunfo indiano de Alexandre, a exúvia (couro cabeludo do elefante) pode ser melhor entendida como um atributo de uma divindade indiana, como Indra, Shiva ou Krishna. Observe particularmente a protuberância na testa do elefante, que é particular para o elefante indiano. O tronco parece enrolar-se como se estivesse rezando de uma maneira semelhante a uma naja ereta (uraeus). Além disso, o couro cabeludo é usado sobre a cabeça como Héracles usava o couro cabeludo do Leão Nemeia. Isto é, o toucado representa a apropriação heroica de um atributo monstruoso como um emblema da vitória sobre um inimigo fabuloso.

Acreditava-se que Alexandre descendia de Héracles, filho de Zeus. Autores antigos reconheceram Héracles em uma divindade hindu não especificada e a identificação permanece incerta entre os estudiosos modernos. Indra, o deus do céu, que detém trovões e relâmpagos, pode ser comparado a Zeus. Indra, no entanto, é o filho de Dyaus Pitrā (“Pai Celeste”), que se assemelha a Zeus Pater e Júpiter. A divindade suprema Shiva é considerada tanto benigna quanto assustadora. O assustador Shiva, também entendido como uma emanação de Indra, é um destruidor, o matador de demônios. Ele, portanto, incorpora aspectos tanto de Héracles quanto de Dioniso, e também se acreditava que Alexandre era descendente de Dioniso, através de Dejanira, a esposa de Hércules. Krishna, um avatar de Vishnu, é um herói principesco. Assim, ele também pode ter sido a divindade hindu identificada com os Héracles pelos gregos e macedônios.

Em seguida, o chifre de carneiro que circunda o templo de Alexandre é considerado um atributo de Amon, a divindade oracular da Líbia, cujo culto se encontra no oásis do deserto de Siwah. Amon foi identificado tanto com Zeus quanto com Amon-Ra, o supremo deus criador. Após sua coroação em Memphis, o sacerdote em Siwah confirmou que Alexander foi reconhecido como o filho de deus.

O terceiro atributo, a égide, pertenceu a Zeus, que a presenteou a Atena, que por sua vez é comumente representada usando o velo. No retrato póstumo de Alexandre, parece estar amarrado no pescoço por duas cobras que se contorcem. As cobras podem aludir à lenda de que Olímpia foi impregnada por um deus na forma de uma cobra. As cobras também podem se referir ao uraeus (cobra ereta) ou às serpentes enroladas ao redor da cabeça da Medusa.

Os três atributos foram associados a três divindades supremos de três culturas diferentes: a égide com Zeus; os chifres do carneiro com Amon; a exúvia com Indra. Todos os três atributos simbolizam a filiação divina de Alexandre e os atributos o retratam como o heroico descendente do matador de demônios, subjacente às associações entre as figuras míticas de Dioniso e Héracles (ambos filhos de Zeus), Shiva (uma emanação de Indra) e Krishna ( um avatar de Vishnu), bem como Hórus (a reencarnação de Osíris). Em outras palavras, o retrato póstumo de Alexandre o apresenta como o legítimo governante sobre essas culturas e o mundo conhecido.

Triunfo da Fortuna sobre a morte

Um dos quatro famosos Triunfos de Petrarca, o “Triunfo da Fortuna sobre a morte”, tem sido frequentemente ilustrado por gerações de artistas. Em uma tapeçaria flamenga do início do século XVI (agora em Nova York), a personificação da Fortuna está em uma carruagem puxada por dois elefantes brancos enquanto eles atropelam a morte e o destino. A fama é acompanhada por Platão e Aristóteles, Alexandre e Carlos Magno. A forma dos troncos dos elefantes se assemelha aos sons da trombeta Fama. A fama imortal de Alexandre, portanto, deve mais do que é geralmente reconhecido ao elefante.

Uma tapeçaria flamenga de “O triunfo da fama sobre a morte” feita para o bispo de Soissons (Septmonts, c. 1500-1530 CE; MMA acc. Nº 41.167.2).

Entendido como um emblema do poder militar, na antiguidade e muito além, argumentei que o elefante era um monstro mítico. Empregado historicamente na guerra para causar medo no inimigo, deve ser lembrado que o pânico foi acreditado para ser divinamente inspirado. A associação religiosa do elefante com vitória e poder é, portanto, óbvia. Essa associação pode ser comparada com a égide, que serviu à função apotropaica de afastar as forças do mal e estava ligada à proteção divina e à defesa militar. Até mesmo o chifre de carneiro – derivado do deus Amon de Siwah e Amon-Ra de Memphis – age para incutir terror. Na mitologia grega, Pan e os sátiros no séquito de Dionísio eram representados com chifres de carneiro. O chifre do carneiro era assim um atributo divino associado ao pânico e à loucura. Em suma, no pensamento antigo, os elefantes eram considerados monstros míticos que pertenciam à mesma categoria de animais fabulosos como o grifo e a esfinge, a mantícora e o unicórnio, o dragão e o hipocampo, muito reais, embora raramente vistos até o período helenístico.


Artigo de Branko van Oppen. Ele é curador de exposições e estudioso independente especializado em rainhas ptolemaicas, bem como arte e ideologia helenísticas.

Fonte: https://www.ancient.eu/article/1381/elephants-in-hellenistic-history–art/?fbclid=IwAR20p6vhfPGOOdUjZEwUqBx-Hk5X34p4SvHmQxzXF1XqKozWU6TKpPDqB5k